sábado, 20 de fevereiro de 2010

OS LEPROSOS

Marcos; 1, 40-45
Submisso à vontade de seu Pai e centrado no propósito para o qual ele viera (pregar as
boas novas do reino), Jesus estava percorrendo toda a Galiléia, indo de cidade em cidade
pregando nas sinagogas e expulsando demônios. Até que, a Bíblia nos conta no versículo
40, um leproso entra em cena. Para nós que vivemos no Século XXI é um pouco difícil
entender exatamente o que foi a lepra no início da humanidade e ainda era nos tempos de
Jesus.

Se a febre da sogra de Pedro já era preocupante e suficiente para levá-la ao óbito, a lepra
era uma doença incomparavelmente terrível e humilhante. Não havia cura para a lepra,
não existiam lugares onde o leproso poderia ser isolado para tratamento. Levítico 13 e 14
relatam com detalhes como os leprosos deveriam ser tratados.
Por agora é suficiente dizer que o leproso deveria viver
isolado, sem entrar nas cidades, e que quando um leproso fosse passar por perto de
pessoas “limpas” o mesmo deveria passar gritando “impuro, impuro!”. Além das
restrições Bíblicas descritas em Levítico 13 e 14, o judaísmo, como de costume, acabou
por criar ainda mais regras no trato com o leproso, o judaísmo dizia que em um dia sem
vento as poderiam chegar a 1,30m do leproso, mas dependendo das circunstâncias a
distância mínima poderia chegar a 46 metros!
Além disto, a lepra era vista pelo povo Judeu como um símbolo do pecado. Muitos são os
exemplos bíblicos de leprosos que contraíram a doença como conseqüência do pecado em
suas vidas (o Servo de Eliseu que mentiu (2ª Reis; 5), o Rei Uzias que ficou orgulhoso e
tentou quebrar as leis cerimoniais de adoração (2ª Crônicas; 26, 16 ), e a mais
impressionante delas é Miriã que fica leprosa após questionar a autoridade de Moisés
(Números; 12). Em todos estes casos a lepra é apresentada como conseqüência direta do
pecado e como sendo trazida por Deus.
A Lepra destes três casos foi causado por 3 pecados diferentes:
1 – Em Miriã (Números; 12) o pecado da insubmissão às autoridades.
2 – Em Geazi (2ª Reis; 5; 20) o pecado da falta de fé na provisão de Deus.
3 – Em Uzias (2ª Crônicas; 26, 16) o orgulho tomou conta do Rei Uzias.
Eu achei importante relatar estes três casos de lepra e o pecado que estava por trás dele,
porque é com atitudes opostas a destes três pecadores leprosos, que o
leproso do nosso texto nos da uma lição de oração.
Lições do leproso
O texto nos diz que o leproso aproximou-se de Jesus de Joelhos. Em Lucas diz que o
leproso colocou o rosto em terra e ambos os textos dizem que ele suplicou! Que contraste
com o orgulhoso rei Uzias. A Bíblia nos conta que Uzias era poderoso, olha o que diz 2ª
Crônicas; 26,15:
Em Jerusalém, construiu máquinas projetadas por peritos para serem
usadas nas torres e nas defesas das esquinas, máquinas que atiravam
flechas e grandes pedras. Ele foi extraordinariamente ajudado, e assim
tornou-se muito poderoso e a sua fama espalhou-se para longe.
Mas ele se esqueceu de como ele chegou aonde chegou, o versículo 5 diz “Enquanto
buscou o SENHOR, Deus o fez prosperar”
Assim o versículo 16 que nós já lemos nos mostra que ele se tornou orgulhoso a ponto de
achar que poderia se chegar ao SENHOR Deus de qualquer forma, da maneira que ele
achasse mais apropriada.
Já o leproso de Marcos, ele foi humilde, não se julgou digno de olhar para Jesus, pelo
contrário, chegou a Jesus em humildade se prostrando e colocando seu rosto no chão.
A primeira lição da oração do leproso é que devemos nos chegar a Deus com
humildade. “Deus resiste aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (1ª Pedro; 5,5).
A humildade na oração em nosso caso, não é revelada pela posição física de nossos
corpos enquanto oramos. Nós não precisamos nos ajoelhar e colocarmos o rosto em terra
para demonstrarmos humildade. A humildade na oração em nossos casos é demonstrada
por onde está o nosso coração. Uma grande maneira de se demonstrar humildade na
oração, é orando. Quando eu e você oramos, estamos reconhecendo que precisamos de
Deus em determinada situação. Quando levamos a Deus uma situação estamos
reconhecendo que sem ele não podemos lidar com aquela situação.
Eu tenho me desafiado também a orar agradecendo a Deus pelas minhas limitações, elas
me ajudam a me lembrar de que eu não sou Deus, que eu sou um ser humano pecador e
limitado que depende em todas as coisas de Deus, o único independente e ilimitado ser
que existe.
Agradecer pelo cansaço, pela necessidade de dormir, de comer, agradecer porque ficamos
doentes e estes períodos nos fazem depender ainda mais de Deus.
Primeira lição da oração do leproso; ore com humildade!
A outra leprosa que citamos aqui foi Miriã irmã de Arão e de Moisés. Miriã tentou
questionar a autoridade de Moisés. Ao questionar a autoridade de Moisés, Miriã estava
questionando a autoridade do próprio Deus, que o havia chamado e estabelecido como
líder sobre o povo Judeu.
E é tendo uma atitude totalmente diferente da de Miriã que o leproso de Marcos nos dá a
segunda lição em relação a oração.
A Bíblia diz que o leproso aproximou-se de Jesus e suplicou-lhe: “Se quiseres”.
O leproso se submeteu a autoridade de Jesus, ele não chegou em Jesus exigindo nada, ele
não chegou a Jesus cobrando os seus direitos, ele chega a Jesus e em submissão clama
“Se quiseres”.
A maneira como o leproso chegou a Jesus é muito diferente daquele que vem sendo
ensinada em muitas igrejas evangélicas. A idéia de que o crente tem que cobrar seus
direitos diante de Deus, vem ganhando força entre as igrejas que crêem na Teologia da
Prosperidade, os pastores destas igrejas ensinam que se você é um dizimista fiel e ainda
assim não está sendo abençoado, então você precisa colocar Deus contra a parede e
cobrar dele as bênçãos, que segundo o pastor, Deus prometeu.
“É a primeira vez na história da igreja em que os fiéis são incentivados por
seus líderes a cobrarem de Deus, os fiéis são ensinados a orar: ‘eu dei tudo o
que tinha, agora você terá de me ajudar’.”
Mas a atitude do leproso de Marcos não é um contraste vívido apenas com a atitude deste
tipo de crente que cobra a Deus, o que não é o caso de ninguém aqui, mas a atitude dele
também se contrasta com a maneira como oramos muitas vezes. Quantas e quantas vezes
oramos por alguém doente e nos mostramos insubmissos à autoridade de Deus, ao
dizermos a Deus o que ele tem que fazer. Em nossa visão humana e limitada dizemos a
Deus que cure tal pessoa, que faça com que ela “melhore logo”. E na grande maioria das
vezes nos esquecemos dos propósitos muito maiores que Deus pode ter para uma doença
ou situação de dificuldade na vida de um de seus filhos.
Veja o que Hebreus; 5,7 diz sobre Jesus e seu relacionamento de oração com Deus.
Assim, ao se submeter à autoridade e vontade de Jesus, o leproso de Marcos nos da a
segunda lição em relação a oração.
Ao orarmos precisamos manter a nossa oração submissa à autoridade e vontade de
Deus!
Voltemos para Marcos; 1, 40, “Um leproso aproximou-se dele e suplicou-lhe de
joelhos: “Se quiseres, podes purificar-me”
Em contraste, o texto de 2ª Reis 5, 20, nos mostra o servo do profeta Eliseu. Naamã,
comandante do exercito do rei da Síria, havia procurado Eliseu para que este o curasse de
sua lepra, Eliseu o manda mergulhar sete vezes no rio Jordão, apesar de certa
desconfiança Naamã termina por mergulhar e é limpo por Deus de sua lepra. Volta pra
Eliseu lhe oferecendo muitos presentes, mas Eliseu não aceita. Não conformado com a
atitude de seu mestre, Geazi sai atrás de Naamã e mente para conseguir tirar algumas
coisas de Naamã, ele consegue enganar a Naamã, mas não a Deus que acaba por lhe dar a
lepra de Naamã.
Geazi não confiou na provisão de Deus, pelo contrário ele confiou em suas próprias
habilidades para garantir a sua provisão.
Ao contrário do saudável Geazi que se tornou leproso, o leproso de Marcos creu no poder
de Jesus. Ao contrário de outros que se relacionaram com Jesus e disseram: “Se podes,
ajuda-nos” o leproso diz “se quiseres, tu podes”.
Ai nós temos a terceira lição de oração que este leproso nos dá, Confie no poder de
Deus!
Em toda a narrativa do Antigo Testamento apenas duas pessoas foram curadas de lepra:
Miriã, que recebeu o castigo da lepra temporariamente, ficou sete dias com lepra e depois
a lepra sumiu. E Naamã que foi curado ao obedecer à ordem de Eliseu. Além disto, este é
o primeiro relato nos evangelhos de Jesus curando um leproso. Mesmo assim, este
leproso creu, confiou no poder de Deus para suprir a necessidade dele.
As aplicações são muitas, por exemplo, podemos nos perguntar a quem ou o que temos
recorrido quando temos necessidades? Confiamos no poder de Deus, ou confiamos
naquilo que pensamos ter conquistado com nossas próprias forças, chegamos a Deus com
fé clamando e reconhecendo que Ele é o único capaz de nos fazer passar por períodos de
dificuldades e ainda assim glorifica-lo.
Como Maridos, em que estão confiados para suprir os seus lares? Em que tem
confiado para pastorear suas esposas? Mulheres, em quê vocês estão confiando
para suprir as necessidades de vocês. Como temos nos chegado ao nosso Deus.
Salmos; 112; 6 - 7 diz:
“O justo não será abalado; para sempre se lembrarão dele.
Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no SENHOR.”
Existe uma parceria nestes dois versículos, a primeira parte do versículo 7 explica a
primeira parte do versículo 6 e a segunda parte do versículo 7 explica a primeira parte do
versículo 6.
O Justo não será abalado porque não teme más notícias, ele será para sempre lembrado
porque o seu coração está firme, confiante no SENHOR.
Se achegar a Deus com humildade.
Ser submisso à autoridade e vontade de Deus
Confiar no poder de Deus para suprir nossas necessidades. Amém ?

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