“Eu vi a glória do Deus de Israel que vinha do oriente. A sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra
resplandeceu por causa da sua glória”. - Ezequiel 43: 2
O profeta Ezequiel ouviu a voz do Senhor e foi este o testemunho acerca dela: era como a voz de
muitas águas! Mas esta não foi a única ocasião em que ele a ouviu desta forma. Logo no início de seu livro
encontramos um relato de uma visão que o Senhor lhe dera, e nela ele comenta acerca da voz do Senhor:
“Andando eles ouvi o ruído das suas asas, como o ruído de muitas águas, como a voz do Onipotente, a voz
de um estrondo, como o estrépito de um exército; parando eles, abaixavam suas asas”. - Ezequiel 1: 24 Vale ressaltar expressões como “ruído” e “estrondo” ao se falar da voz do Senhor como a voz de muitas
águas, pois neste paralelo, a verdade que se quer transmitir não está necessariamente ligada à água, mas ao
BARULHO que ela faz. Além do profeta Ezequiel, também temos o profeta Jeremias dando testemunho disto:
“Fazendo ele [Deus] ouvir a sua voz, grande estrondo de águas há nos céus, e sobem os vapores desde os confins
da terra. Envia os relâmpagos com a chuva, e tira o vento dos seus tesouros”. – Jr. 51: 16
Tal qual os dois profetas, o apóstolo João em seu exílio na ilha de Patmos também teve uma profunda
experiência com Deus, na qual viu o Senhor ressuscitado e ouviu a sua voz; e seu relato é idêntico aos que já
vimos, mostrando ser esta uma característica pertencente à voz de Deus: “Os seus pés eram semelhantes a
latão reluzente, como que refinado numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas” - Apocalipse 1: 15
Temos três testemunhos: o de Ezequiel, o de Jeremias e o de João. A Bíblia diz que pela boca de duas
ou três testemunhas se estabelece toda questão (2Co. 13.1). Portanto, isto não é apenas um exemplo ou
alegoria, é uma doutrina. Não é um mero detalhe em meio a uma descrição, e sim uma ênfase das Escrituras.
A voz do Senhor é como a voz de muitas águas! Deus quer que entendamos e vivamos esta verdade. Sua voz
em nossas vidas deve ser como a voz de muitas águas.
O SIGNIFICADO
Se a expressão “voz como de muitas águas” não é apenas uma menção ou detalhe, mas uma ênfase e
doutrina escriturística, então é de suma importância que compreendamos o significado da terminologia bíblica.
O que é ter voz como de muitas águas? Não é a quantidade de água em si que oferece o exemplo
utilizado nas Escrituras, mas vimos que a expressão aparece ligada a outros termos como “ruído” e “estrondo”;
o exemplo, na verdade, está ligado ao BARULHO das águas. Alguém pode estar no meio do oceano, olhar à
sua volta e ver muitas águas, mas ainda sim estar tudo em silêncio; não é da quantidade de água em si que a
Bíblia fala, mas sim de seu ruído. Embora no caso de uma queda d’água, quanto maior for o volume de água
maior será também o ruído. Eu creio que o paralelo que Deus oferece é este, o de quedas d’água, cachoeiras,
cataratas, ou qualquer outro nome que aponte para o ruído de águas, como as ondas bravias do mar, por
exemplo. Até mesmo as chuvas (tempestades) são apresentadas assim neste exemplo bíblico, pois a idéia é
esta: ressaltar a intensidade da voz divina.
Quando nos aproximamos de quedas de águas, como as Cataratas do Iguaçu por exemplo, podemos
observar que quanto maior o volume de água, maior será o ruído que ouviremos. Estive lá algumas vezes,
inclusive na minha lua-de-mel, quando Deus falava destas verdades comigo, e é um espetáculo e tanto! Mas lá
em Foz do Iguaçu, podemos ouvir o ruído das águas sem que ele impeça nossa conversa, pois é possível
ouvirmos uns aos outros visto que os visitantes não têm como se aproximar tanto das cataratas. Podemos até
molhar a roupa do corpo devido à umidade do ar, mas mesmo nos pontos turísticos mais próximos das
cataratas ainda não se chega perto o suficiente para que nossa voz seja encoberta.
Contudo, se formos a uma cachoeira de menor volume de água e de queda também menor, mas
colocarmos-nos debaixo dela ou mesmo bem próximo às pedras onde ela cai, poderemos experimentar o
barulho dela encobrindo nossa voz e impedindo até mesmo conversas, pois o provável é que ninguém ouvirá
ninguém. O ruído de muitas águas é, em outras palavras, um ruído que encobre os outros ruídos. Assim
também é a voz do Senhor: UMA VOZ QUE ENCOBRE AS OUTRAS VOZES! E aqui deparamo-nos com um
princípio poderoso: Deus quer que sua voz chegue com tamanha intensidade em nossas vidas que cheguemos
a ponto de não ouvir mais nenhuma outra voz. Ele quer que sua Palavra PREVALEÇA sobre toda e qualquer
voz neste mundo, a ponto de se poder dizer de nossas vidas o que se disse em Éfeso: “Assim a palavra do
Senhor crescia poderosamente, e prevalecia.” - At. 19: 20.
O que aconteceu nesta cidade da Ásia pode (e deve) acontecer conosco! Afinal não foi na cidade em si
que a Palavra cresceu, mas na vida dos habitantes dela; e se ocorreu a eles pode nos ocorrer também.
Quando a Bíblia fala sobre o crescimento da Palavra, fala de como ela cresce na vida das pessoas. À medida
que damos espaço à Palavra do Senhor, inclinando nosso coração a ela, experimentamos uma INTENSIDADE
MAIOR de sua operação em nossas vidas. Mas note que a Palavra não apenas crescia, mas PREVALECIA.
E prevalecia sobre o quê? Sobre outras vozes e ruídos. Isto é que é experimentar a voz do Senhor
como voz de muitas águas. É ouvi-la tão intensa e fortemente que não ouvimos mais nenhuma outra voz! Por
outro lado, há pessoas que experimentam justamente o contrário: outras vozes é que vivem encobrindo a voz
do Senhor em suas vidas. Creio que há um fator determinante que diferencia um grupo do outro. A palavra de
Deus não iria prevalecer na vida de um e de outro não sem um motivo. O que determina esta diferença?
A DISTÂNCIA INFLUÊNCIA
Citei como exemplo de ruído de águas, as Cataratas do Iguaçu, onde podemos perceber o barulho das
águas sem deixarmos de conversar uma vez que, pela distância, o ruído não chega a atrapalhar-nos. E ao
comentar sobre uma catarata barulhenta (mas não o suficiente para encobrir todos os outros ruídos), o fiz com
o propósito de chamar-lhe a atenção para uma outra verdade: a distância que permanecemos da água
influencia muito! Ao entrar no Parque Nacional do Iguaçu, ainda na estrada para as quedas não podemos ouvir
o ruído da água, mas assim que nos aproximamos delas no último quilômetro já começamos ouvi-las.
Mesmo quando estamos no ponto de observação mais próximo, ainda podemos conversar. Porém, se
houvesse um meio (seguro!) de nos aproximarmos tanto de uma das quedas, a ponto de quase nos
colocarmos debaixo dela, então seria impossível conversar ou ouvir outro som, pois o barulho da água
PREVALECERIA sobre todos os outros. Assim também se dá com a voz de Deus. Se nos aproximarmos de
sua Palavra, ela encobre as outras vozes. Mas se nos distanciarmos, podemos chegar a um ponto onde os
outros ruídos acabam sendo mais altos que a Palavra de Deus em nossas vidas.
O propósito divino é que estejamos tão próximos da Palavra que ela prevaleça sobre toda e qualquer
voz, abafando-a por completo. Não estou falando do quanto você conhece ou lê a Bíblia, mas do quanto você
está (ou não) perto! A quantidade de água não afeta tanto como a PROXIMIDADE dela.
Mencionei que em Foz do Iguaçu é possível conversar sem que o ruído da água abafe completamente
nossa voz; mas há alguns anos conheci uma pequena cachoeira que conseguiu esta façanha! Veja bem, não
há como compará-la com as Quedas do Iguaçu, cuja altura e volume de água são incalculavelmente
superiores, porém, esta pequena cachoeira localizada no município de Candói, no Paraná, conseguiu abafar
minha voz! Havíamos realizado um acampamento com os jovens da igreja, e descobrimos nas proximidades
do local do acampamento a tal cachoeira.
Devido ao bom tempo que desfrutávamos naquele dia e a consciência de que por causa das chuvas
abundantes que caíra nos dias anteriores haveria um lindo espetáculo, dirigimo-nos com um grupo de jovens
para lá. Ao chegarmos, a maioria de nós não resistiu ao calor e decidiu se colocar debaixo do véu de água, e
foi curioso descobrir que embora não parecesse uma cachoeira tão forte, mal conseguíamos ouvir uns aos
outros enquanto debaixo daquela queda d’água.
A lição que aprendi com este exemplo? O que faz a diferença não é o tanto de água que cai, mas se eu
estou ou não próximo a ela! Em Foz do Iguaçu o volume de água era muito maior do que este em Santa Clara,
no Candói, mas o fato de eu ter me aproximado mais da menor cachoeira, pôde me levar a atribuir a ela um
ruído maior do que o aquele que trago na memória referente às belas Cataratas do Iguaçu.
Semelhantemente, há crentes que conhecem a Bíblia já há muitos anos, e o tanto que a leram e
estudaram é semelhante ao volume de águas do Iguaçu, é muita coisa! Mas não vivem próximos da Palavra, e
ela não é suficiente para abafar as outras vozes em suas vidas! Por outro lado, temos irmãos que pelo pouco
tempo que servem ao Senhor, suas águas (conhecimento da Palavra) são de um volume tão menor que as do
Iguaçu que só podem ser comparadas com esta pequena cachoeira da qual me referi, só que, como vivem tão
próximos da luz, que possuem da Palavra, ela é suficiente para PREVALECER em suas vidas e abafar as
outras vozes.
Portanto, não é o estar em Foz do Iguaçu ou no Candói que determina a diferença, mas a que distância
cada um se encontra das suas águas! Se o mais novo na fé e o de menor conhecimento entram debaixo da
sua cachoeira, e o mais velho na fé e o de maior conhecimento permanecem longe de sua catarata, em quem
a Voz de Deus está chegando mais alto? É óbvio que nos que estão próximos daquilo que já possuem. É
naquele que se aproxima mais, e não no que conhece mais. A voz do Senhor será como voz de muitas águas,
encobrindo as outras vozes e ruídos, somente quando nos colocarmos próximos a ela.
O QUE É ESTAR PRÓXIMO
O que é, então, estar próximo? É não apenas ler e conhecer as Escrituras, mas permitir que o Espírito
Santo trabalhe em nós com a Palavra. Por exemplo, eu posso ser um profundo conhecedor (e até ensinador)
da fé bíblica; dizer às pessoas: as Escrituras dizem isto, isto e aquilo, mas na minha vida cristã, na hora em
que eu precisar exercitar minha própria fé, ser vencido pela voz da dúvida. Já um cristão novo convertido, que
não tenha nenhuma bagagem tão profunda de Bíblia e nem saiba explicar a fé, pode ler uma porção da
Palavra, uma promessa, e permitir que o Espírito Santo trabalhe em seu íntimo revelando a Palavra, o que fará
com que ela se torne “voz como de muitas águas” em sua vida. Terá então provado o poder da Palavra do
Senhor abafando a voz da incredulidade e dando-lhe vitória no combate da fé.
Não estou dizendo que não há valor em estudar e conhecer as Escrituras; você deve dedicar-se a isto o
MÁXIMO que puder (2Tm. 2: 5). Quem dera que cada crente lutasse contra a ignorância em busca de mais e
mais da Palavra de Deus. Seria uma verdadeira revolução! Mas o que quero dizer é que apenas isto não basta
e nem tampouco determina o sucesso de nossa vida cristã. Precisamos conhecer E NOS MANTER
PRÓXIMOS da Palavra; não podemos nos distanciar. Distanciar-se não é deixar de saber, mas sim deixar de
ser sensível, viver e experimentar aquilo que conhecemos. Trata-se de perder a consciência espiritual daquela
verdade e, conseqüentemente, impedir que o Espírito Santo prossiga trabalhando naquela área de nossas
vidas. Nestes dias o Pai Celeste está nos convocando para que nos aproximemos novamente das águas e
permitamos que elas abafem as outras vozes e ruídos em nossas vidas.
DIFERENTES TIPOS DE VOZES
Ao escrever aos coríntios, Paulo mostrou nos capítulos 12 e 14 de sua primeira epístola, que Deus é
um Deus que fala. Diz que já não mais servimos aos ídolos mudos (1Co. 12: 2), mas ao Deus vivo que fala com
cada um de nós; e então cita os dons do Espírito como um dos diferentes meios pelos quais Deus fala. Mas ao
mostrar que podemos ouvir a voz do Senhor, ele também deixou claro que podemos ouvir outros tipos de
vozes: “Há, por exemplo, muitas espécies de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significado”. – 1 Co14: 10
Lemos que não somente há línguas diferentes, mas VOZES diferentes. Ouvimos muitas espécies de
vozes em nossa vida espiritual; o diabo, o mundo e a carne, nossos cruéis inimigos, tentarão de todas as
formas abafar a voz de Deus em nós para que lhes demos ouvidos. Mas, por outro lado, se deixarmos a
Palavra de Deus se manifestar com “voz como de muitas águas”, então as demais vozes é que serão
encobertas e a Palavra do Senhor prevalecerá.
Há muitos tipos de vozes no mundo. Às vezes sentimo-nos pressionados a dar ouvidos a uma voz que
não se harmoniza com a de Deus. Reconhecemos que a voz do Senhor diz o oposto, sabemos que estamos
errando, mas ainda assim, ficamos de tal maneira presos que acabamos por seguir na direção errada, e depois
nos frustramos, condenamos e lamentamos. Questionamos: Por que não ouvimos a Palavra de Deus? Como é
possível saber o que o Senhor diz, e ainda fazer o contrário?
A razão é que estamos distantes da Palavra de Deus naquela área; esta é a única e grande verdade do
porquê isto ocorre! Se nos aproximarmos do que Deus diz, recebendo a vida e a revelação do Espírito Santo
naquela área, então as outras vozes serão encobertas. Se nos afastarmos da Palavra (e não me refiro ao Livro
em si, mas à Palavra VIVA), então as demais vozes é que se sobressairão.
Que voz tem prevalecido em tua vida? Sugerimos abaixo algumas destas muitas espécies de vozes
que costumamos ouvir. Para cada uma delas o princípio de vitória é o mesmo: VOLTAR À PALAVRA. Não
apenas ler, mas meditar e deixar que o Espírito da Verdade opere no íntimo, avivando a consciência espiritual.Que Deus o abençoe, e que sua voz fale mais alto em sua vida!
domingo, 6 de dezembro de 2009
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