segunda-feira, 30 de novembro de 2009

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE PR. ALEJANDRO BULLóN

Dentre as muitas figuras estranhas do Apocalipse, os cavalos e cavaleiros são uma das que provocam mais medo e espanto nas pessoas. Também é uma das profecias que mais alimenta a imaginação dos "profetas" do fim do mundo. Morte, sangue, espada, fome e pestes são ingredientes extraordinários para elaborar um coquetel terrorista e levar desespero e pavor ao homem moderno, já aflito sob as circunstâncias de violência em que a sociedade vive. Mas o que há por trás desses misteriosos cavalos e seus cavaleiros? Para entender essa profecia, é preciso não perder o fio do grande conflito cósmico que teve início no Céu. Quais foram as acusações que Lúcifer levantou contra Deus? Basicamente duas: a primeira tinha a ver com adoração. Lúcifer queria toda adoração para si. "Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo". Isaías 14:13 e 14 A segunda acusação tinha a ver com a obediência. Segundo Lúcifer, era impossível que a criatura pudesse obedecer aos princípios preservadores da vida estabelecidos pelo Criador. Portanto, o anjo caído tentou destruir a Palavra de Deus. O conflito cósmico teve início nos Céus, transferiu-se para este planeta e foi sempre fundamentado nestes dois pontos: adoração e obediência. Ao longo da História, o inimigo tem tentado atrair a adoração dos homens para si e, ao mesmo tempo, tem tentado desvirtuar a Palavra de Deus. Para conseguir estes dois objetivos ele usa todos os métodos possíveis: engana, fascina, mente, esconde, disfarça e, quando isso não dá certo, persegue, violenta, mata e destrói. A profecia dos quatro cavaleiros do Apocalipse mostra diferentes métodos que o diabo usou ao longo da História, para alcançar seus objetivos; e apresenta também a maneira como os cristãos reagiram às investidas do inimigo, nos diferentes períodos da História. Isto é básico no processo do julgamento. Muitos intérpretes da Bíblia têm considerado os quatro cavaleiros do Apocalipse como portadores dos juízos divinos. Existem até filmes descrevendo esses misteriosos personagens como cavaleiros vingadores trazendo desgraças e tragédias sobre os seres humanos. Seriam os furacões, terremotos e cataclismos, castigos divinos que os cavaleiros trazem? Deveria a humanidade ficar apavorada diante das possíveis catástrofes que esses cavaleiros anunciam? Existe base bíblica para semelhante especulação? O livro do Apocalipse não pode ser usado com leviandade ou fanatismo irracional. Precisa ser estudado com base teológica e projeção histórica. Estudando dessa maneira, percebemos que os cavaleiros do Apocalipse simbolizam os vários períodos pelos quais passaria a Igreja Cristã, em relação com sua fidelidade à Palavra de Deus. Essa profecia é parte da visão dos sete selos. No programa anterior, vimos o Juiz assentar-Se no trono para iniciar o juízo. O apóstolo João continua narrando o evento da seguinte maneira em Apocalipse, capítulo 5 verso 1: "Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos". Aquele livro será aberto para dar início ao juízo. Nele estão as provas e evidências a favor ou contra os seres humanos. Como viveram eles ao longo da História? Permaneceram fiéis a Deus, dando-Lhe a glória e honra, devidas? Foram obedientes à Sua Palavra, ou deixaram-se enganar ou intimidar pelo inimigo de Deus? O livro está selado com sete selos e, quando o último selo for aberto, a história do conflito entre o bem e o mal terá chegado ao fim. Cristo voltará para buscar os Seus filhos que permaneceram fiéis a Ele. Este é um momento solene. Os selos serão abertos e o grande julgamento terá início. Prepare-se para contemplar os registros da História. Quando foi aberto o primeiro selo, apareceu "... um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer". Apocalipse 6:2 Aqui se revela a pureza e o poder de conquista do evangelho diante do paganismo no início da Igreja Cristã. A cor branca é usada na Bíblia como símbolo de pureza."... ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve...". Isaías 1:18 Afirma Isaías, falando da pureza da vida perdoada. Imaginemos o quadro: Jesus acabara de ressuscitar, e tinha retornado aos Céus. Ali estava a Igreja que Ele fundara. Jesus tinha vindo a este mundo não apenas para salvar o homem, mas para confirmar uma verdade inquestionável, que encontramos em Mateus 4:10: "...Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto". E, também, para ensinar que a Palavra de Deus é imutável e eterna (Mateus 5:18). Justamente os dois pontos críticos que o inimigo tenta desvirtuar. A figura do cavalo branco nos revela como se conduziu a Igreja de Jesus no primeiro século. Aquele foi um período de guerra entre a verdade e a mentira; entre a verdadeira e a falsa adoração. A Igreja foi cruelmente perseguida por não querer inclinar-se diante de César que reclamava a adoração para si. Você imagina quem estava por trás de César? A Igreja também foi duramente perseguida por sua fidelidade à Palavra de Deus. O próprio João afirma em Apocalipse 1:9 o seguinte: "Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação,... achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus...". Os mártires que morreram e que aparecem ressuscitados na abertura do quinto selo também afirmam que morreram por causa da Palavra de Deus. Mas apesar de toda a fúria desatada contra o povo de Deus neste primeiro período da história da Igreja Cristã, ela se manteve fiel aos dois pontos críticos. Foi uma Igreja vencedora, que fez estremecer o inimigo com sua doutrina pura e seu espírito de evangelização. Ao cavaleiro "foi-lhe dada uma coroa e saiu vencendo e para vencer". Ao abrir-se o segundo selo, diz o texto bíblico que: "E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada". Apocalipse 6:4 Já vimos que o cavalo branco - que significa o primeiro período da Igreja Cristã - expressava a pureza de seu caráter e doutrina. Pureza na adoração, por que, apesar das perseguições, ameaças e mortes, os membros da Igreja primitiva preferiam adorar a Deus antes que a César. Pureza na obediência à Palavra de Deus, porque, apesar do perigo físico que significava obedecer às Escrituras Sagradas, aqueles cristãos do primeiro século mantiveram a doutrina de Jesus inalterada. Mas o grande objetivo de Satanás sempre foi atacar aos filhos de Deus nestes dois pontos. Fazer que a Igreja corrompa a sua adoração e doutrina. E, se não conseguisse isso pela força da perseguição do Império Romano, trataria de fazê-lo por outros meios. O cavalo vermelho revela discórdia, discussão e controvérsia entre os próprios filhos de Deus. Vermelho é a cor do sangue, e, por esse motivo, muitos estudiosos da Bíblia relacionam este período com a época de perseguições extremas que a Igreja atravessou durante os três primeiros séculos, sob as mãos dos Césares. Mas o texto bíblico afirma que "os homens se matavam uns aos outros,"ou seja, esta é uma guerra interna. Não é de fora para dentro, mas dentro da própria Igreja, tendo como protagonistas os próprios cristãos. O que aconteceu foi que a Igreja, no seu afã entusiasta de evangelizar todo o mundo, começou a batizar pessoas que não tinham conhecimento suficiente da doutrina cristã. Muitos gregos, romanos e gentios, começaram a pertencer à Igreja sem ter abandonado os seus velhos costumes e doutrinas, e imperceptivelmente começaram a contaminar a pureza da doutrina bíblica que se mantivera branca durante o primeiro século. Podemos tomar como exemplo, o Imperador Constantino. Ele tornou-se cristão, o que foi motivo de muita alegria para o cristianismo. Já imaginou se o presidente da Rússia se convertesse hoje ao cristianismo? Mas Constantino adorava o Sol no dia consagrado ao deus sol: o domingo. Assim, o Imperador, "convertido" ao cristianismo, trouxe para a Igreja o domingo como dia especial de adoração. Os cristãos nunca se atreveriam a adorar o sol, mas fizeram uma pequena concessão ao adorar a Deus no dia dedicado ao Sol. "Quase nada". Você percebe? O sábado foi considerado apenas um detalhe. O importante era adorar o verdadeiro Deus, sem dar muita atenção ao dia. E veja, o inimigo conseguiu o que queria: corromper a pureza da doutrina cristã. A Igreja tinha crescido. Já não estava formada por aquele pequeno grupo que seguiu a Jesus. Havia igrejas cristãs nas maiores metrópoles da época. A quem deviam eles obedecer? Tinha que haver uma cabeça. Naquele tempo, todos consideravam Jesus como a Cabeça da Igreja. "Mas já que Jesus não estava mais presente, alguém devia assumir a liderança da Igreja" - pensavam alguns. E o mais natural é que fosse o bispo de alguma das igrejas existentes. Mas quem? Bom, se Roma era o poder político que dominava o mundo, seria lógico que o bispo de Roma passasse a ter o comando da Igreja mundial. Mas os bispos das outras cidades não aceitaram isso facilmente, o que deu origem a guerras sanguinárias. O historiador Walter Duram declara que "provavelmente, mais cristãos foram degolados por cristãos do que em todas as perseguições que os pagãos fizeram contra os cristãos na história de Roma. O que realmente impressiona é que a profecia já descrevia esse episódio lamentável da história da Igreja. A Igreja Cristã daquele período é simbolizada pelo cavalo vermelho, a cujo cavaleiro foi dado o poder de tirar "a paz de modo que os homens se matassem uns aos outros". Quando o terceiro selo se abre, João diz: "... vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão". Apocalipse 6:5 A cor preta fala por si mesma. É a antítese do branco. E se o cavalo branco simboliza o período de pureza da Igreja, você já pode imaginar o grau de degradação que este terceiro cavaleiro representa. Esta é a Igreja que vai até o início da Idade Média. Nesse período da História a Igreja não foi capaz de manter pura a adoração ao único e verdadeiro Deus, nem prestou obediência fiel à Sagrada Escritura. Contaminou-se com uma montanha de tradições humanas e costumes pagãos. Enquanto Jesus declarou que Seu "reino não é deste mundo", o líder da Igreja daquela época cobiçou e assumiu o poder terreno. O Império Romano havia caído. Os imperadores tinham desaparecido e a única autoridade que permaneceu foi a do bispo da Igreja Cristã de Roma, antiga sede do poder político. O poder desse líder religioso não era mais apenas espiritual, era também político e social. O cavaleiro montado neste cavalo tem uma balança na mão e, de repente, se ouve uma voz dizendo: "...Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário...". Apocalipse 6:6 Esta era uma medida de peso, que na época em que o Apocalipse foi escrito "era a ração que um soldado ou um escravo podia adquirir por dia. Trata-se, portanto, de uma ração mínima de alimento que os pobres recebiam, mas o preço "um denário" era 16 vezes maior que o preço que aquela ração miserável devia custar". Isso significa opressão, exploração e fome. Quer dizer que os lideres da Igreja Cristã daquele tempo se caracterizariam por promover fome espiritual, escondendo do povo o "pão da vida" que é a Palavra de Deus. Como você interpreta o fato da Igreja Cristã daquela época proibir ao povo a leitura da Bíblia ou vender indulgências, chegando ao extremo de afirmar que, ao momento que as moedas batiam no fundo da salva, os pecados eram apagados dos registros celestiais? A verdadeira adoração a Deus e a obediência pura à Sua Palavra ficaram esquecidas. O inimigo, mais uma vez, estava conseguindo seu propósito. Mas a voz que falou, quando o cavalo preto apareceu, disse: "não danifiqueis o azeite e o vinho". O que significa isso? Haveria um remanescente que, a despeito de tudo, permaneceria fiel aos ensinamentos divinos e adorando unicamente o Deus Criador dos céus e da Terra. Na abertura do quarto selo, João é chamado novamente a contemplar a visão. Veja como ela é relatada em Apocalipse 6:8: "E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra". É aqui que os terroristas da religião se deleitam. É muito fácil sair assustando as pessoas com a imagem de um cavaleiro montado sobre um cavalo amarelo e levando destruição à quarta parte da Terra. Mas já vimos que a visão dos quatro cavalos é apenas uma profecia que anuncia diferentes períodos pelos quais a Igreja passaria na sua História. A visão do cavalo amarelo simboliza o período no qual se consumou a degradação da Igreja Cristã. Esta degradação teve início no período simbolizado pelo cavalo vermelho, acentuou-se no período simbolizado pelo cavalo preto e tornou-se terrível neste último período. A Igreja pura que Jesus estabeleceu e que os apóstolos e os primeiros cristãos mantiveram incontaminada durante o primeiro século, foi se corrompendo lentamente. Quando chegamos à Idade Média, encontramos uma Igreja Cristã de nome, que não era nem a sombra da Igreja pura que Jesus fundara. Onde estavam os cristãos que deram a vida por obedecer à ordem divina: "...Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto"? Mateus 4:10 Em nome de Deus, agora os cristãos estavam adorando imagens e esculturas de santos. Onde estavam os fiéis cristãos que foram perseguidos por causa da Palavra de Deus? Onde estavam aqueles que pagaram com a vida a ousadia de obedecer à ordem divina que dizia: "... até que o céu e a terra passem, nenhum i ou um til jamais passará da Lei..."? Mateus 5:18 Os pretensos cristãos naquele período tinham mudado os mandamentos de Deus sob a alegação de que a "santa mãe Igreja" tinha poder para fazê-lo. Mas isso não foi suficiente. A Igreja perseguiu aqueles que "ousavam" obedecer à Escritura. Isso aconteceu durante o período de absoluta supremacia da Igreja na Idade Média. A História universal registra tudo. A Igreja estabeleceu o aparato mais espantoso, jamais visto antes, e conhecido pelo nome de Inquisição, para matar e destruir todos aqueles que não aceitassem as doutrinas contaminadas que, àquela altura da História, a Igreja ensinava. Por isso, seu nome era morte. O historiador católico, Walter Duram, escreve o seguinte: "Com toda a tolerância que se requer de um historiador e que se permite a um cristão, devemos colocar a Inquisição entre as mais escuras manchas no registro da humanidade, pois revela uma ferocidade desconhecida até numa fera". O meu propósito não é descrever as monstruosidades executadas pela Igreja naquela época. O que precisamos entender é que, por trás de tudo, havia alguém que um dia levantou-se no Céu e tentou tirar a soberania divina; tentou desvirtuar a Palavra de Deus e fazer-se, a ele próprio, o centro da adoração e da obediência no Universo. Derrotado no Céu, Lúcifer veio para a Terra e conseguiu enganar Adão e Eva. Jesus veio a esta Terra para resgatar o ser humano, e estabeleceu a Igreja para ser uma comunidade de pessoas que se edificassem juntas, em amor. Jesus deu Sua Palavra para ser o guia supremo dessa Igreja. Ele diz em João capítulo 15 e verso 14 que: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando". Jesus disse isso antes de partir. E veja, o inimigo tentou destruir essa Igreja utilizando o poder político e militar do Império Romano, mas não conseguiu. Quanto mais cristãos o imperador matava, mais cristãos apareciam. O inimigo, então, tentou desviar a adoração de Deus para o imperador, mas não conseguiu. A Igreja manteve-se pura na doutrina recebida de Jesus e conservou-se fiel à Palavra Divina. Como o método da violência não deu certo, Satanás começou a entrar devagarinho na Igreja. Começou a misturar paganismo com cristianismo. A Palavra de Deus deixou de ser o centro da vida e doutrina da Igreja e passou a ser substituída por tradições humanas e mandamentos de homens. A Igreja adquiriu poder político e passou de perseguida, no primeiro século, a perseguidora na Idade Média. O líder da Igreja nessa época passou a tomar para si prerrogativas divinas: a perdoar pecados, a condenar e absolver consciências, a exigir adoração e a reclamar infalibilidade. Você percebe? O inimigo estava conseguindo o que sempre quis: Tirar de Deus a adoração e a obediência devidos unicamente a Ele como Criador. Este é um assunto de suma importância no novo milênio. Não se trata simplesmente de religião; trata-se de fidelidade ou apostasia; de vida ou de morte. Graças a Deus, ao longo da História sempre houve um remanescente fiel. Pessoas aparentemente insignificantes que continuaram adorando ao único e verdadeiro Deus e obedecendo fielmente à Sua Palavra. Durante a Idade Média foram os valdenses, albigenses e outros grupos pequenos que se escondiam nas covas e montanhas para poder obedecer a Deus, sem sofrer a terrível perseguição do poder que, em "nome de Deus", queria obrigá-los a desobedecer a Palavra Divina e adorar seres humanos. E esse remanescente continua existindo. O Apocalipse o identifica claramente

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